Certa vez uma amiga usou o termo "cronicando" para se referir ao fato de estar escrevendo um texto no gênero crônica, como um trabalho da nossa faculdade de jornalismo. "Cronicando"... Taí, gostei. Mas, o que seria "cronicar"? Não me refiro ao significado do neologismo, mas a algo mais profundo que é definir um texto como sendo uma crônica. Aliás, acho todas essas classificações que existem na língua, na literatura e no jornalismo muito perigosas. Hoje de manhã estive pensando como as palavras são perigosas. Isso mesmo, acho que as palavras são perigosas, porque as usamos de maneira displicente. Quase não costumamos nos preocupar com o sentido que elas podem adquirir. Mas, depois falo mais sobre isso, talvez num outro texto, interessa-me, por ora, tentar compreender o que faz um texto ser considerado crônica.
A questão que propus não quero que seja levada para o campo acadêmico, sei que inúmeras definições já foram desenvolvidas sobre o tema, o interessante é tentar trilhar um raciocínio próprio, sem que este precise ser inovador nem nunca antes concebido. Bom, se a crônica é um texto essencialmente autoral, quer dizer que opinião é um elemento inerente à sua construção. Até aí tudo bem, eu entendo. Lembrando que a classificação "texto autoral" é muito mais ampla e abrange outros gêneros além do que está sendo discutido aqui.
Agora, será possível enumerar os temas que as crônicas usualmente abordam? Acho que não, e isso faz delas textos livres e que a priori podem tratar dos mais variados assuntos e de inúmeras formas. Este último aspecto é também um fator que enriquece o texto do gênero crônica, a liberdade da forma. Já que, podemos encontrá-las, as crônicas, de muitas maneiras, mas dentro da prosa - pelo menos é o que sei. Uma crônica pode ser escrita apenas com diálogos, como um estória narrada ou como um texto de opinião - mas que tenha imprimido nele as concepções pessoais do autor. Aí surge mais um questionamento, porque dizer que a crônica pode ser um texto de opinião não significa chamar todo texto de opinião de crônica, já que existem os artigos, por exemplo.
Mas, então, como afirmar que isso ou aquilo é uma crônica? Não dá, e é dessa forma que eu concluo, ao menos por enquanto, minha pequena e modesta linha de pensamento sobre o tema. Não sei dizer se é possível apontar um texto como sendo crônica sem que haja divergências. Talvez a maneira mais fácil de identificar uma seja procurando aquela seção do jornal em que se lê no chapéu acima do texto: crônica.
Ai, como é boa essa tal de metalinguagem.
3 comentários:
O.O
vc sim é jornalista
eu serei apenas jornaleiro
E ai Dani...
Preciso te levar aquele livro do Joaquim Ferreira dos Santos... As cem melhores crônicas brasileiras!
Não sei se são as melhores nem se são crônicas tbm... hehe... mas vale a pena! =)
Bjos...
é perigoso até dividir um jornal em "informação" e "opinião". por isso gosto das crônicas do joão do rio: não cabe outro nome pro tipo de texto que ele fazia (nem conto, nem opinião, nem causo). ultrapassa ficção, realidade e tudo o mais que teimam em dizer que existe por aí, complicando nossa vida acadêmica.
legal o blog-ombudsman, daniella! (cheguei aqui pelo nacim, seu colega bixo da puc, colega da profissão de jornaleiro)
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